sexta-feira, 12 de março de 2010

Um pensamento

Esses dias venho remexendo nos muitos materiais que acumulei nestes últimos 10 anos. São textos da graduação, poemas, pesquisas, apontamentos. Esse processo tem me levado a refletir o quanto eu deveria ter escrito mais, todavia, há a certeza que existe uma continuidade entre os anseios contidos naqueles textos e o desejo de escrever agora. Sinto-me necessitar dizer, ou melhor, escrever minhas impressões sobre as coisas que me cercam. É como se uma erupção de sentimentos e sensações irrompessem, com a viscosidade de uma larva jovem sobre uma crosta ressequida de frustrações objetiva: contas atrasadas, falta de espaço acadêmico, lutas primárias como manutenção do emprego degradante. Parece-me ser esse espaço e momento  propícios para cuidar de mim. Tenho inconscientemente  voltado para o meu jardim. E não o faço como alguns, como simples individualismo ou refúgio, faço como fez Epicuro, para  sentir-me mais livre. Tenho encontrado alento nas novas leituras, são roteiros, crônicas, romances, que me conectam a experiências que projetam realidades e sensibilidades mais apuradas que os formalismos conceituais dos textos acadêmicos lidos nestes últimos tempos. Faltam-lhe esperança, chama, incandescência, corrosividade, ou mesmo, o lirismo desconcertante da poesia, em que a realidade  é centrifugada pelo desejo do  bem e do belo. 

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